Na presidência da Associação de Praças do Estado de Santa Catarina (Aprasc), o subtenente da reserva José Carlos Pawlick tem sido importante voz dos militares praças na busca de diálogo com o Governo do Estado para reivindicar a reposição inflacionária que está há quase sete anos sem reajuste.
Afirmando que a Secretaria da Casa Civil ignora a Aprasc, Pawlick argumenta entender o momento atual de crise sanitária, mas lembrou ser necessária a continuidade das conversas para que a categoria não agonize a forte perda no poder aquisitivo, que, de acordo com ele, passa dos 40%.
Candidato a deputado estadual em 2018 pelo PSL, ficando na suplência com 6.288 votos, o militar reformado concedeu entrevista exclusiva ao jornalista Marcos Schettini, falou ainda sobre as investigações de corrupção no Governo Moisés e se posicionou defendendo que todo cidadão tem direito à legítima defesa. Confira:
Marcos Schettini: Quais as pendências da sua base com o Governo de SC?
João Pawlick: Primeiro, é importante ressaltar que os policiais e bombeiros militares estão atuando firme no combate à pandemia. E, além de enfrentar os riscos de sempre, arriscando ser morto em alguma ocorrência, agora encara o inimigo invisível, sob o risco de contaminar a própria família. Mesmo sendo um serviço essencial, com homens e mulheres nas ruas atuando firmes nessa crise, o Governo do Estado esquece do militar. Estamos tentando uma audiência com o secretário da Casa Civil há cerca de um mês, mas preferem ignorar uma associação que tem quase 15 mil homens e é considerada a maior da categoria no Brasil.
Temos uma série de pendências junto ao governo. A principal é a reposição inflacionária dos praças, que há quase sete anos estão esperando o reajuste. É preciso ressaltar que não é aumento de salário. Estamos falando de um direito garantido pela constituição. Enquanto isso, a perda do poder aquisitivo dos servidores da segurança pública passa dos 40%.
Claro que entendemos o momento. Essa pandemia tem impactado a população e a arrecadação dos Estados, mas queremos construir uma solução e retomar um diálogo que foi interrompido com a crise.
Além disso, temos pleitos como a incorporação da IRESA, a suspensão do desconto indevido do Sistema de Proteção Social dos Militares Estaduais e o respeito ao direito constitucional do 1/3 de férias, que tem sido ameaçado. Também estamos trabalhando pela suspensão dos empréstimos consignados dos praças. E, claro, temos a questão do novo Plano de Carreira dos Praças, cujo debate deve ser retomado.
Schettini: Por que os praças são observados sem o respeito merecido pelos oficiais?
Pawlick: Os praças é que estão na linha de frente, combatendo a criminalidade e protegendo a população na ponta. Com certeza é uma categoria que merece, no mínimo, respeito.
Schettini: O governador está cometendo erros atrás de outros e ignora sua entidade. Por quê?
Pawlick: Um dos maiores erros é, sem dúvida, a falta de diálogo com setores importantes da sociedade, isso inclui a segurança púbica. Mas os motivos destes erros têm de perguntar para ele. Os policiais e bombeiros militares continuam firmes, na luta, cumprindo a missão. E só querem ser ouvidos e valorizados.
Schettini: Como o Sr. vê a cassação do governador?
Pawlick: Estamos acompanhando, atentos, todas as denúncias envolvendo o Governo do Estado. Isso tem revoltado a nossa base. Investigações estão em curso e todos são iguais parente a lei. Se o governador cometeu algum crime, que se puna no rigor da lei. A Aprasc não tem político de estimação.
Schettini: O país vive crises agudas na economia, política e na pandemia. Para onde vai o Brasil?
Pawlick: O Brasil é mais forte que tudo isso. Vamos superar e o país sairá anda mais fortalecido. Mar calmo nunca fez bom marinheiro.
Schettini: Quando se fala em intervenção militar, não é uma ameaça à Constituição e à democracia?
Pawlick: Sim.
Schettini: O Sr. acredita em uma guerra civil? Os praças ficam com a Constituição?
Pawlick: Claro. Somos a última barreira entre a ordem e o caos.
Schettini: O cidadão armado, como prega o presidente, dá qual vantagem aos policiais?
Pawlick: Todo o cidadão tem direito à legítima defesa. Deve ter o direito de proteger sua família e seu patrimônio. A única coisa que pode parar um homem mau com uma arma na mão é um homem bom com uma arma na mão.
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